sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Tell me you love me...



Foram inúmeras tentativas, incontáveis...
Ao abrir a boca só conseguia pronunciar: adoro você, você é fofo, você é especial, mas o “EU TE AMO”; nem pensar.

Já tinha tentado, ensaiado, coreografado, mas não saía; parecia que a garganta travava, que as cordas vocais falhavam... Pensei ensaiar em frente ao espelho, talvez fosse melhor, mais fácil, afinal, haveria “alguém” para quem dizer...me concentrei e olhei dentro de “meus olhos” refletidos no espelho...e continuei olhando...e igualmente não consegui...e mais, foi a pior tentativa; a imagem que me olhava do espelho em nada se parecia comigo... a imagem para quem eu “precisava” dizer EU TE AMO, me era desconhecida...

A princípio fiquei estática, pensando ser o meu “congelamento” comum ao querer dizer a “maldita” frase, mas algo diferente acontecia; eu não conseguia desviar meu olhar “daquela” que do “outro lado” me olhava...ela me incomodava, ela me “observava”, como tentando decifrar-me, não piscava...e eu que ali parei só para treinar dizer uma simples frase, agora não conseguia sequer sair dali, mas que droga!!

Mas por que? Por que eu também não desviava meu olhar? Por que também eu não conseguia sair de frente do espelho e parar de olhar para aquela “desconhecida” que não cansava de me mirar?
Algum tempo havia passado, de repente eu tive a nítida sensação de que “aquela estranha” se aproximava mais, que sua imagem chegava mais perto de mim, apesar de eu sequer ter me mexido. Vi um sorriso, quase imperceptível em seus lábios, e disse para mim mesma: ok, agora enlouqueci de vez, faltava pouco, agora eu consegui!!!
Aquela “estranha” olhou-me mais fundo; paralisei, e com a voz mais suave que meus ouvidos já puderam sentir, “ela” me disse: EU TE AMO!!

Sacudi a cabeça, abri e fechei os olhos várias vezes, mas ela continuava ali, me fitando da mesma forma, com aquele mesmo sorriso, e novamente, quase que soletrando “ela” docemente, suavemente repetiu: EU TE AMO!!!

Nesse instante o tempo parou; no rosto da “estranha” eu vi todas vezes, as muitas, incalculáveis vezes que EU NÃO ME AMEI, todas as vezes que ABRI MÃO DE AMAR, todas as vezes que por quaisquer tolas razões EU FUGI, que NÃO ME PERMITI ME AMAR...
E apesar de todas as lágrimas que corriam em minha face, eu sorri para aquela que já não me era estranha, eu retribuí o sorriso daquela que eu antes desconhecia, e neste momento, o sorriso que refletia no espelho me parecia conhecido, não mais da “estranha”. As linhas dos olhos eram idênticas, o desenho das sobrancelhas era o mesmo... e com o coração pulsando e o sangue correndo velozmente em minhas veias, eu olhei fundo para aquele olhar e finalmente... “EU TE AMO”.
Aquele semblante suave, agora idêntico a mim, foi lentamente esvanecendo no espelho, mas ainda com suave sorriso nos lábios, e antes que ela pudesse dissipar de vez, eu ainda pude mais uma vez olhá-la e dizer; EU TE AMO!!

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