terça-feira, 31 de março de 2015

Falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar sem reticências.



Só ama aquele de coração bom, aquele que gosta de dar, que ainda sorri largo e franzindo os ombros tipo criança. Ama só quem merece, quem procura e sabe que achou, quem não vê amar como uma coisa sublime e extraordinária, quem sabe o amor ao alcance das mãos, da boca, das costas, da nuca, dos pés. Ama quem provoca os olhos, as vontades, o sabor do outro. Porque amar é isso. Normal.

Amar é sofrer choque térmico quando chega a hora de dar tchau, é implicar com o jeito do outro, brigar no meio da rua, pegar na mão e fazer as pazes ali mesmo. Amar é brincar de briguinha, é dizer que vai amar pra sempre, é dar beijos e cheiros em lugares estranhos em locais inadequados, é beber no mesmo copo. Todo amante se arrisca meio poliglota “amore mio”, “mon amour”, “meine liebe” ou “meu amor” mesmo.

Amar é ouvir som de luz apagada, carregar na garupa, prestar os primeiros socorros, testar um óleo novo de massagem. Amar é beber milk shake de chocolate, alugar filme, cantar no chuveiro enquanto o outro escova os dentes, é dormir abraçadinho até mais tarde. Amar é não saber esperar, mas esperar mesmo assim. Amar é suspirar alheio, respirar ofegante, ter o peito encaroçado. Aquele que ama abusa do “inho”. Benzinho, docinho, tigrinho, morzinho. Amar é dizer “fazer coisinha”, mandar SMS de boa noite, escrever cartinha perfumada e todas essas idiotices gostosas.

O olho reluz, a pele melhora, o corpo reage, o coração bate feliz. Amar é mandar, achar que manda, obedecer, fingir que obedece. Amar é fazer vitamina de banana com nescau, é dar bom dia espreguiçando as vértebras com os braços esticados, sorrindo envergonhado de remela nos olhos. Amar é dizer “vem cá”, ter os pés aquecidos sem pedir, comemorar o dia do primeiro beijo, chegar da festa e comer pizza gelada. Só ama aquele que começa a falar pelo fim, que diz sim sem saber a pergunta, que discute o namoro sem lugar-comum.

Ama quem sai na rua pra tirar fotos, pra ver estrela riscar o céu, pra pisar na grama descalço, pra pegar um cineminha na terça. Amar é perguntar “tá dormindo?”, é descer do ônibus com o outro à espera, é cantar “she loves you yeah yeah yeah”, é morder queixo, orelha, cotovelo, panturrilha, lábio. Amar é comer uma coisa diferente e lembrar o outro, é ficar de mal, é arrumar tempo pra pensar no outro na correria do dia.

O cúmulo da saudade é amar. Você a sente mesmo estando juntinho. Amar é todas essas bobagens e muito mais. Amar é cotidiano. Amar é humano. Amar é instinto. Amar é necessário. Amar acontece. Amar é escrever. Pois gente, afinal, quem foi que começou que essa história de que amar não é uma coisa normal?

(Gabito Nunes)



segunda-feira, 30 de março de 2015

God I wish you could see me now...


O ar estava tão perfumado, acordei sentindo aquele cheiro por todo o lugar, comecei a flutuar atrás dele como um sonho que levasse ao paraíso. Era tudo incrível, e cada vez que o vento me trazia um pouco mais daquele perfume enchia todo o meu ser, era a melhor sensação que já vivi, me faz sorrir, me deixava feliz... mas era apenas uma lembrança.

Às vezes eu só queria viver sonhando, seria tudo mais fácil, tudo mais bonito.







quinta-feira, 26 de março de 2015

Esta é a sua despedida da minha vida.





Nós levamos um tempo até nos darmos conta.
No fundo, vivemos por tentativas de querer viver aquilo por mais tempo. Abraçamos a menor das esperanças com a força que jamais imaginaríamos ter. Até aceitarmos os fatos da vida, vivemos pelas migalhas que ela dá.

Não é sobre viver pelas pequenas coisas, é sobre viver pelas coisas pequenas; que são coisas não tão iguais assim.

Isso significa que a surpresa de um inexpressivo “oi, tudo bem?” no chat do Facebook, renovava todas as minhas energias. Parece que todas as partes ruins da história se tornam boas quando coisas assim acontecem. Em momentos como este, ignoramos toda e qualquer pessoa que nos chamar, se for uma nova proposta de emprego ela bem que pode esperar; à quem gostamos, não. Queremos estender aquele segundo até torná-lo eterno. Cavamos assuntos como se quiséssemos dizer:

“Olha pra mim, eu sou interessante, nos damos tão bem, não desista do que somos, se é que somos! Nos deixa ser!”.

Foi mais ou menos assim que eu me comportava em silêncio com você.
Eu te mandava links de vídeos imaginando que poderia gostar, te marcava em fotos engraçadas e, rezando por sua atenção, comentava sobre as estreias do cinema. Eu assistia os seriados que você dizia gostar. Eu pararia o mundo se me pedisse pra parar. Hoje me pergunto se algum dia você percebeu como tentei te fazer especial na minha vida. Me pergunto se consegui te mostrar como queria muito mais que a sua companhia. E quando penso nisso fico feliz: é que eu sinto que fiz tudo o que eu podia, ainda que não tenha dado certo no fim como eu gostaria.

É que uma coisa é dar certo, outra é dar certo como gostaríamos.

Você não faz ideia de como eu me multiplicava em mil para estar à disposição para você. “Quer fazer alguma coisa?” era o tipo de pergunta que me fazia dirigir a 200 km por hora pra te encontrar. Eu não queria perder nenhum segundo! Queria te ver logo, queria tão logo me ver nos seus olhos e sentir aquela coisa boa que eu sentia. Você não faz ideia da quantidade de batidas que o meu coração dava quando a gente se encontrava – era a minha batida perfeita. O celular gritava com diversas notificações, mas para mim nada importava. Eu demorava para escolher uma roupa boa para te acompanhar. Demorava para me arrumar e ficava preocupado em você se cansar de me esperar. Demorava tanto em me preparar porque eu queria que tudo fosse o mais perfeito, já que eu não sabia quando nos veríamos outra vez. Demorei tanto dedicando tempo para você que hoje entendo a demora que levei para começar a te esquecer. Eu nunca fui de viver as coisas no meio termo, mergulho de cabeça até nas notificações de mensagens lidas e não respondidas. Consciente dos lados bons e ruins, sou e sempre serei assim: profundamente coração.

Só que hoje eu quero te ver partir. Hoje é a última vez que eu me permito reviver coisas que nem chegamos a viver direito. Quero que hoje seja a última vez que eu vou dedicar parte da minha vida em pensar na parte dela que você estava. Levei um tempo para aceitar a sua partida, mas agora eu não imagino mais nem a sua visita. O assunto central aqui é a minha certeza de que o melhor lugar para você estar na minha vida é fora dela. Já aceitei minhas tentativas, valorizei minhas investidas e continuo apaixonado pelas minhas esperanças, mas cada umas dessas coisas eu não quero mais dedicar para você.

Não te desejo mal, só não te desejo mais. Vou seguir vivendo como vivia antes de você aparecer, afinal, antes de você eu já sorria. Vou seguir ansioso por bons dias, empolgado com as pequenas coisas, mas sabendo diferenciá-las das coisas pequenas. É isso. Você já pode ir, eu também vou. Não quero falar sobre a nossa parte boa, pois o que me importa agora é a parte boa da vida que eu nem vivi ainda.

(Site - Entenda os Homens)


quarta-feira, 25 de março de 2015

Partiu num dia qualquer sem ao menos dizer adeus e o que ficou?

Ela chorava, ele ria. Ela falava, ele não ouvia. Ela sofria, ele nem ligava.Ela o esperava, ele não voltava.Ela queria coisa séria, ele queria se divertir. Ela queria pra sempre, ele só por um momento. Ela falava ‘te amo’, ele respondia da boca pra fora. Ela procurava o príncipe, ele procurava à próxima. Ela queria só ele, ele queria qualquer uma. Ela ficava por sentimento, ele ficava por quantidade. No fim, ele descobriu que ela era única e ela descobriu que ele era apenas mais um !

Envelhecer ao lado são poucos... 


terça-feira, 24 de março de 2015

E cada um carrega um pouco de amor dentro de si mesmo...




   A vida não é um placar. O importante não é quantas pessoas telefonam para você, nem com quem você saiu ou está saindo. Também não importa se você nunca namorou ninguém. O importante não é quem você beijou, que menino ou menina gosta de você. O importante não são seus sapatos, nem seus cabelos, nem a cor da sua pele, nem onde você mora. Na vida nada disso é importante. O importante na vida é quem você ama e quem você fere. É como você se sente em relação a você mesmo. É confiança, felicidade e compaixão. É ficar do lado de amigos e substituir o ódio pelo amor. O importante na vida é evitar a inveja, não querer o mal dos outros, superar a ignorância e construir a confiança. É o que você diz e o significado de suas palavras. É gostar das pessoas pelo o que elas são e não pelo que têm. Acima de tudo, é escolher usar a sua vida para tocar a vida de outra pessoa de um jeito que a fará mais feliz. O importante na vida são as escolhas!
   A mentira é a atitude mais egoísta que uma pessoa pode ter. Mentir pro outro é se aproveitar da inocência dele e desfrutar de tudo que ele pode te oferecer de verdadeiro a partir da sua mentira. Sendo egoísta você só recebe coisas boas e não dá nada de bom em troca ao outro. Tira dele o direito de viver conforme gostaria perante às essas verdades que não foram ditas. Eu prefiro ser enganada mil vezes a ter que desacreditar pra sempre nas pessoas. Fazer isso seria desacreditar na vida e se tornar uma pessoa tão pequena quanto aquela que mentiu pra você. Se eu sou de verdade, devem existir outros que também sejam.

Quando escrevo sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta… Ao escrever sei esclarecer todos os meus pensamentos, as minhas ideias, as minhas fantasias.

terça-feira, 17 de março de 2015

Você faz ideia do que fez?

Não. Nunca.
Você nunca saberá.
Não tem a menor noção, nem nunca terá ideia do que fez.
Eu nunca te pedi nada além de respeito. Nunca te pedi que gostasse de mim do mesmo jeito que eu gostava de você. Eu nunca prendi a sua vida na minha! E tudo o que eu esperava de você era que pudesse se colocar no meu lugar antes de me jogar em qualquer merda de lugar da sua vida. Eu só esperava que você pensasse em como eu poderia me sentir, em como seria com você se estivesse no meu lugar! A discussão já não é mais sobre o que eu planejava sozinho para nós dois, mas sim, sobre as mensagens que eu te mandava, sobre as portas que abri da minha casa, sobre as portas do meu corpo que abri pra você entrar. Insisto nisso porque não me entra na cabeça como você basicamente mandou eu me foder sem dizer sequer uma palavra, não me entra na cabeça como você deu de ombros para a possibilidade de eu me sentir um bosta diante dos esforços que fazia por você e por nós dois.

Você nunca vai fazer ideia do que fez.
Você não sabe das noites que eu ouvia os segundos passando no relógio na parede sem conseguir dormir. Você não sabe da luz do celular que iluminava meu choro ao reler suas mensagens. Você não sabe dos amigos que eu torrei o saco chamando pra conversar na madrugada para falar das mesmas coisas. Você não sabe dos dias que acordei pra trabalhar querendo dormir para morrer. Você não sabe das vezes que me evitei olhar no espelho por não acreditar no que eu estava vivendo. Você não sabe do esforço que fiz para tentar esconder de quem eu gosto que existia alguém que fingia gostar de mim. Você só precisava saber me respeitar. Você só precisava entender que eu só queria o seu bem e que ser recíproco à isso por mim seria o mínimo vindo de você.

Você nunca vai fazer ideia do que fez.
Mas você me fez sentir a pessoa mais idiota do mundo, pois enquanto eu guardava um espaço em todas as horas do meu dia para visitar meus pensamentos, você ocupava o lugar que dizia que eu tinha na sua vida com outra companhia. Olha o que você fez comigo. Olha as horas que me fez perder. Olha o lixo de pessoa que me fez sentir! Só consigo imaginar o quanto você diabolicamente se divertia enquanto lia minhas sugestões do que fazer no fim de semana. Você respondia “vamos ver” quando eu perguntava “vamos?”

Apesar de eu ter que sangrar gota por gota, chegou uma hora que eu percebi que não merecia. Eu rezava pro tempo passar e aumentar a distância entre o nosso passado e o meu presente. No começo era em vão pois eu tentava te fazer partir sem aceitar te deixar ir, eu lutava contra mim mesmo, eu não queria o que eu precisava. Você não faz ideia do que fez. Até raiva de mim mesmo eu senti. Até vontade de bater minha cabeça na parede por correr atrás feito trouxa eu senti. Até vontade de te dizer que eu esqueceria tudo o que passamos se você começasse e lembrar mais de mim eu senti. Você nunca vai fazer ideia do que fez, mas também nunca vai fazer ideia do que faço hoje, simplesmente por eu não querer que saiba; por eu não querer que saiba que segui aqui neste mundo respirando o mesmo ar que você.

Não é sobre desejar mal, é sobre te desejar tanto até enjoar de te desejar e não te desejar mais.

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(Um travesseiro para dois)
http://umtravesseiroparadois.com.br/voce-faz-ideia-do-que-fez/

quinta-feira, 12 de março de 2015

TUDO PASSA… ATÉ MESMO O AMOR. VIVER É RECOMEÇAR.

Um dia a porta da sua alma se fechou. Sua música parou de tocar. Você olhava pela janela enquanto o amor te deixava. Pode ir, você disse, e jurou que nunca mais sentiria essa dor. Espalhado pela casa com os cacos do seu coração, a última coisa que você queria era amar outra vez.
Rejuntar estilhaços até se fortalecer de novo é um processo que leva tempo, e a duração desse tempo é muito pessoal, assim como o tamanho da dor que cada um carrega. É como se você ainda vivesse, seus órgãos e sistemas do corpo funcionam, você respira, mas falta algo. Falta vida no robô que rejunta as suas peças.
Foi assim, com muito esforço e angústias, que você tropeçou em seus próprios pés para reaprender a andar. Iluminou seus passos com seu brilho esmorecido. Mas você nunca parou, nunca desistiu. Não sabia o que ia encontrar lá na frente, somente sabia que era para lá que tinha que ir. Nem sempre você achava aquilo que procurava. Algumas vezes, acabou encontrando quem nunca imaginaria encontrar. Outras vezes, você mesmo foi atrás de pessoas queridas que dormiam nas suas lembranças. Por fim, você achou a sua imagem que se escondia atrás do espelho.
E agora você está aqui, sentindo-se inteiro. Você voltou a brilhar, a pulsar! Está batendo suas asas pelo mundo novo que deseja conhecer. Porém, mesmo no auge de suas mais novas descobertas e da confiança de um dia melhor que o outro, vira e mexe, você tem medo.
O medo sopra pela fresta da porta do seu quarto à noite, em seu silêncio secreto. Mas não é aquele pavor ao se deparar sozinho na plataforma de embarque rumo a um país desconhecido. E nem de ter outra cólica renal ou levar uma bronca do chefe. Isso tudo você encara. A coisa toda complica quando não se encontra o sentido das coisas ao fim desses dias longos e incertos, quando o cansaço penetra pelos poros a ponto de derreter a pessoa por dentro. Quando se cai em uma rotina mecânica de acordar, trabalhar, reclamar, pagar as contas e fazer parte da massa de conformados cidadãos inconformados desse mundo louco.
Esse mundo que te obriga a assistir gente ser decapitada e queimada viva. O medo de sair de casa e ser assaltado no trânsito, e, por isso, ficar com receio de abrir a janela do carro para dar um trocado ao pedinte que parece doente. A falta de vergonha na cara de políticos que zombam da sua inteligência. O medo de pegar dengue. A espera ansiosa pela chuva para encher rios e sentimentos.
No meio disso tudo é que se descobre que fazer-se completo dá um trabalho danado. E por mais que você saiba que esse seja um processo lento e interminável, e que você esteja focado em procurar a felicidade na sua jornada e não em seu destino, nestas horas de silêncio no seu quarto à noite acontece o imprevisto.
Nesse fluxo da vida que segue, entre as dores e as curas, revisitando tristezas e alegrias, como um dia nublado, quando menos se espera, ela chega. Toca a campainha da saudade, abre a porta da ausência e te abraça apertado. Ela não foi convidada, mas mesmo assim a solidão vem e fica por um tempo.
Ser feliz sozinho é fácil, difícil é ficar triste na solidão. Especulando que o amor não é algo tão fácil assim de ser encontrado, como se vê nos filmes e livros de romances, você se lembra de Rubem Alves, “Temos uma capacidade quase infinita de suportar a dor, desde que haja esperança”.
É nesse pressentimento que o peito ardido encanta o silêncio, atravessa a madrugada fria e amanhece na alegria. E encontra a esperança, com seus olhos de menina, equilibrando-se entre o inferno e o céu, pulando amarelinha na poesia. Ela joga uma pedrinha e te convida para brincar, enquanto esperam pelo amor, o seu novo amor que já vai chegar.
Porque frio, medo e tristeza, passam. Dor também passa. Até amor que foi embora passa. Só não passa a vontade de amar outra vez.
Então sua música volta a tocar e você sonha com Vinicius de Moraes: “a maior solidão é a do ser que não ama”.