quinta-feira, 28 de maio de 2015

Liberdade agora!

Escapei da prisão que acorrentava a minha alma junto das sombras densas. Me libertei do que os outros pensam sobre mim e do que esperam ao meu respeito. Mandei às favas quem insiste em mandar nas minhas vontades, todos aqueles que questionam a minha conduta e me apontam o dedo com reprovação. Cansei de fazer ouvido de mercador para não me aborrecer, de engolir seco um espinho depois do outro, enquanto o emissor, com sua língua projétil, metralha ofensas na minha direção.

Sem dó nem piedade as pessoas vão jogando as suas imundices em cima de quem passar pela frente. É tão cômodo apontar os defeitos do outro e cuspir o que lhe parece incorreto e imoral. Afinal, condenar é muito mais prazeroso do que olhar para si. As imperfeições alheias são sempre maiores, a vida daquele é mais intrigante.

Acusar é a saída número um dos donos da razão, dos centros do universo e dos reis na barriga. Nada mais prazeroso que abster-se de qualquer possibilidade de falha e jogar o peso do mundo nas costas de quem lhe der ouvidos.

A questão é que errados somos todos nós. E certos, também. Não somos melhores ou piores que ninguém. Somos todos humanos, passíveis a erros, inclinados a acertos, com as nossas falhas e virtudes tropeçando nas pedras do caminho. É inaceitável que alguém se intitule superior e que a sua soberania dite as regras em outras vidas. Calma lá.

Que fiquem para trás os acusadores que berram os nossos defeitos e julgam as nossas condutas. Suas condenações de nada acrescentam. Porque tapar o sol com a peneira queima do mesmo jeito. Portanto, busquemos a sombra amiga que nos faça crescer e multiplicar em nossa vontade de acertar. Não precisamos de ninguém que nos tolha e nos amarre.

Até aonde vai a nossa passividade? Engolir sapos é consentir com o que é dito sem nenhuma objeção. Agindo assim estaremos ferindo a nós mesmos e o nosso brio. Quando oprimidos nos sentimos incapazes, frustrados, e logo passamos a demonstrar apenas uma parte nossa. Para que sejamos inteiros é preciso revelar quem somos, o que pensamos, o que queremos. Sejamos nós e o que nos caracteriza sem o medo da reprovação e a necessidade de aceitação.

Atenção: Engolir sapos é uma prática tóxica e nociva. Mantenha distância. Ao persistirem os sintomas esse texto deverá ser consultado.

(Karen Curi - via Revista Bula)

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Que me prende no “e se…”



Te encontrava nos cômodos todos. Nos pares de meia largados no chão, tão sem combinação quanto eu. Tão largados, amassados, sujos e esquecidos que não existiria metáfora melhor pra falar sobre mim. Doutor, isso passa? Nem tudo passa. E foi um baque descobrir que tem ferida que abre e inflama, tem ferida que abre e corta tanto que leva um pedaço da gente, tem ferida de todo tipo e tanta gente ferida por baixo da roupa que nem dá pra perceber quando se esbarra numa delas pela rua.
Eu tava meio despedaçada. Desesperada mesmo. Numa loucura indigna, mas com um quê de drama-psicológico-monólogo-acelerado e me faltou ar. Me faltou ar por conta da pressão e da altitude. O ar congelou e eu fiquei rarefeito. Achava que as coisas todas passavam e foi um baque, como já disse, quando soube que a dor tinha estacionado. Parado bem na minha frente e me atingido numa baliza perfeita. Nem deu tempo de me despedir quando saía do chão e engolia poeira. Doutor, adianta anotar a placa do carro?

Você foi aquela quase-coisa-que-deu-certo, sabe? Que me prende no “e se…” que eu nunca vou saber porque foi feita uma escolha voluntária. Aquele meu quase-amor que dói mais do que se tivesse sido porque me arrancou de mim por todo. E você não me segurava, não segurava o banco, não segurava o balanço e me dizia com todas as letras que eu devia ter agradecido só por você ter aparecido. Ainda que estático, ainda que na sombra do quarto como quem avisa que pode levantar no meio da noite e ir embora.

Eu só senti que deveria ter agradecido com todas as letras quando você acelerou.
Acelerou o carro e parou tudo na minha frente . Será que a gente aprende a dirigir outra vez? Digo, não no sentido literal da coisa. Mas quanto tempo demora pra passar algo que não se passa? Pra sempre é tempo demais, mesmo que tivessem me cortado o acelerador e eu tivesse que empurrar o carro. No fundo, eu entendi que era tudo uma questão de visão: não tem “e se…” porque você foi. Sem prestar condicionalidade ou oferecer proposta. Você foi e pronto, acabou. A gente é que tem essa mania de estender a história pra tentar se sentir bem depois que é abandonado. Pra encher a cabeça e fingir que ainda vive aquilo. Ou pior: pra provar que você nem sempre foi assim e que se importava, sim, comigo. Mesmo que tudo indique e negue isso.

Daí eu retomo os fatos e me lembro, de novo, de você reclamar de eu nunca ter te agradecido. E vejo as faltas, vejo os lapsos, vejo como você nem me fazia tão bem assim. Vejo aquela dependência e me pergunto como eu podia considerar que era amor alguém que vai (embora) sem a menor consideração com você. Se não existiu consideração pelo que se viveu, o outro já admite que nem ligava. E eu lá vou me matar, me envenenar, me tratar com dó como se você merecesse isso?

E eu, que sempre fui mal-educada pra você, que nunca soube expressar direito os berros não dados, as noites mal dormidas enquanto lutava pra trancar o teu fantasma aqui dentro (da casa e de mim), queria que passasse e não percebia o controverso estado em que estava. Se queria que passasse, por que aprisionar uma projeção bonita de você que nunca existiu? Foi bem melhor pra mim.
Algumas escolhas doem mais que outras, e ficam marcadas para sempre.
Não quero saber de você, e nem do que ficou, pois passado tem esse nome para ficar lá. E afinal, não vou te perguntar o Por quê!? E sim, você Me Ama?

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Quem somos agora?

Quem disse que todo mundo diz o que pensa? Quem disse que todo mundo é sincero? Quem disse que todo mundo sabe dizer não? Quem disse que todo mundo diz o que incomoda? Quem disse que todo mundo confessa os próprios medos? Quem disse que ninguém finge ser feliz quando não é? Quem disse que todo mundo sabe ouvir? Quem disse que é fácil calar? Quem disse que todo mundo sabe dar valor as amizades que têm? Quem disse que todo abraço é de bem querer? Quem disse que ninguém finge? Quem disse que todo mundo é o que diz pensar, sentir e ser? Quem disse que somos apenas seres unidimensionais? Quem disse tudo isto pelo jeito não entende muito de gente...
Quando a gente anda nas ruas e pára para observar os rostos das pessoas, gestos, todo o conjunto do que enxergamos nelas, não temos a menor idéia do que vive dentro delas. Será que todos os sorrisos são de felicidade? Será que todos os andares têm um destino? Todo gesto um propósito? Toda palavra endereçada uma verdade sobre elas? Em muitos casos, talvez pouco provável!
Muitas vezes, o que acontece é que em sociedade, as pessoas saem de casa com um conjunto de máscaras. Não me refiro a máscaras como sinônimo de falsidade. Não! Me refiro a máscaras que são escudo para o que realmente estamos querendo ou precisando dizer mas não dizemos, queremos extravasar os sentimentos mas não podemos, queremos respirar o nosso eu, deixar ele falar, mas as amarras são tantas que a gente ou não se permite ou não nos permitem por milhões de razões. Alguns exemplos...
Quando se vai trabalhar e se tem um chefe bully, todo dia é um dia cheio de stress e opressão. Ele insulta você e você precisa colocar a máscara da passividade, a máscara dos nervos de aço. Dentro de você há um turbilhão de desaforos que gostaria de falar para ele, questioná-lo sobre a postura anti-ética, anti-profissional, despótica, abusiva. Segura o choro serrando os dentes, controlando o que diz ou o que não diz. Percebe que é uma tremenda injustiça, mas se segura, porque começa a pensar sobre a crise que poderia ser gerada na sua vida se pedisse demissão ou falasse umas boas verdades para o chefe que não tem direito algum de tratá-la assim. Sabe que muita gente se sente do mesmo jeito que você, mas por motivos que só cada um sabe e não diz, ninguém toma a iniciativa de mudar o status quo. Mesmo porque, dentro de uma empresa, é raro encontrar uma chefia acima do seu chefe que vai te dar razão, vai ouvir suas queixas e admitir que a postura do outro é totalmente inapropriada. Você sofre calada e sabe que enorme preço paga por isto.
Você tem amigos a quem se dedica grandemente. Mas nem sempre eles se dão conta de que você existe a não ser para ouví-los, entendê-los, ser a melhor amiga da vida. Mas você releva porque gosta deles e porque mantém a esperança de que um dia eles mudem, "acordam" para você, tornarão mútuos os ouvidos, sentidos, interesse, sentimentos. Releva porque não quer forçar uma situação. Existe aquela insegurança de que se algo for dito e mudar, a amizade irá por água abaixo. Então faz de conta que está tudo bem viver uma amizade de unilateralidade. Não acha que é natural "cobrar" algo que as pessoas deveriam se tocar por elas mesmas. Então se usa a máscara do está tudo bem...
    Vive um relacionamento com seu namorado ou namorada e também vai deixando para lá certas coisas atravessadas que ficaram. Era um olhar mais atento que queria, um elogio aqui outro acolá, uma cumplicidade maior na relação, um pouco mais de atenção, escuta, presença, perceber que o outro se importa se você sente prazer ou não, etc.
    A gente tem mesmo a tendência a ir se acostumando com migalhas e isto vira uma coisa tão crônica que quando nos damos conta, já estamos com um tremendo vazio dentro da gente, não sabemos mais nem como tudo isto começou e como tomou tamanha dimensão. A gente se esqueçe de se olhar, de se gostar, se valorizar, se respeitar porque não tem ou pouco tem destes estímulos na relação com as outras pessoas. A gente acaba sendo, em muitas circunstâncias, o reflexo de como nos tratam ou como nos maltratam. De certa forma, é a "escravidão" da dependência do querer pertencer, ser gostado, admirado, respeitado, ouvido, visto e tocado.
   É claro que muitos irão dizer que isto é uma questão muito mais do tipo de personalidade de cada um. Tem gente que engole mais sapos do que outros. Tem gente mais passiva, conformada do que outros. Tem gente que nutre muito menos expectiva na relação com as outras pessoas do que outros. Tudo isto é verdade! Mas, por algum motivo, todos nós, sem exceção, não podemos dizer que somos imunes a viver pelo menos um momento de buraco existencial. As vezes vem a necessidade de fazermos um tipo de auto-reciclagem, um balanço de como as coisas estão indo ao redor e que impacto estão tendo dentro da gente.
   Existem os momentos de alguns vazios ou muitos vazios porque a verdade é que em poucas vezes podemos MESMO ser tudo o que é a nossa essência. Tem coisa que a gente não diz por medo de parecer insegura diante dos outros, imatura, ingênua, pouco inteligente, carente, dependente, ou pior, por medo do preconceito, de um julgamento alheio implacável, aquele que exclui, rotula e segrega. Enfim... carregamos um redemoinho de coisas dentro de nós, coisas que ficam na mudez para o mundo de fora, mas gritam do lado de dentro porque não querem ficar aprisionadas. São muitos conflitos que viram verdadeiros nós, nos cobrando que sejam desatados. Aquela bola de neve morro abaixo que se não parada, vai tomando proporções desastrosas.
   Tendemos a julgar e criticar e rotular tão superficialmente. É mais fácil, mas tão injusto com os outros. A gente só pode dizer que conhece bem alguém quando permitimos que a verdadeira essência da pessoa fale, não as máscaras que ela tem que carregar. Gosto muito de pensar sobre isto porque é um grande aprendizado conhecer as pessoas, sejam elas de que idade, cor, sexo, orientação, origem, credo, status social forem. Carregamos tantas angústias, tantas vontades, tantos sonhos, tantas vozes, tantas conversas, tantos personagens dentro da gente... É um mundo inteiro em paralelo ao mundo de fora. A diferença é que, na maioria das vezes, o de fora fala e o de dentro cala.


(Simone Bittencourt Shauy - via Obvious)



quarta-feira, 20 de maio de 2015

Não me Ame!


Não fale em um sentimento tão puro, eu não estou te cobrando nada. Eu conheço você e vários como você. Pode tirar essa máscara de “bom moço” e deixe que o silêncio tome conta do momento, fica mais bonito assim.

Nós temos pouco tempo, não estrague tudo usando palavras em vão, a gente já sabe que “sempre” é muito tempo para nós dois. Eu já sou bem complicada, então só seja simples. Não se preocupe em inventar tantas desculpas, não tente me comprar com presentes caros, esqueça de me iludir, eu não sou como as outras. Se eu estou aqui é por livre e espontânea vontade – vontade minha, não sua, que fique claro. Mas não é porque eu me encantei com o seu sorriso que você me tem nas mãos, as coisas não funcionam assim.

Eu sou dona das minhas atitudes, não pense que você está me manipulando. Entenda: eu gosto de estar com você, você me diverte. Mas o que você me oferece é muito pouco perto de tudo que eu almejo pra mim, perto de tudo que eu mereço. Então relaxa, ninguém aqui está pensando em futuro, os planos que eu tenho para nós dois se resumem à esta noite. Não é falta de romantismo da minha parte, nem estou fazendo pouco caso, você também tem qualidades. Mas honestidade não é uma delas.

Você se perde nas suas mentiras e eu me pergunto: quem é que ele está tentando enganar? E se por algum segundo eu quase acreditar, se por acaso eu quase te amar, pode ter certeza que eu vou embora antes que você perceba. Antes mesmo que eu perceba.

E, por ironia ou clichê, somente quando eu for embora você vai entender: você não precisa dizer que me ama, porque hoje você não sabe o que isso significa e quando você descobrir será tarde demais, não fará mais sentido dizer. Vai doer, mas não se preocupe, a verdade dói só uma vez. Já a mentira, você sabe, dói cada vez que a gente lembra dela. Por isso eu te peço: só diga que é amor, quando for.


sábado, 16 de maio de 2015

Only words bleed!


– Ela acabou de mandar mensagem… “Ooi! Vai fazer alguma coisa sexta?”. Legal!
– E aí, não vai responder?
– Agora? Tá maluco? Claro que não.
– Você tá muito ocupado pra responder agora?
– Não, cara. Mas você nunca pode responder mensagem rápido. Tem que deixar ela na vontade, ansiosa, te esperando. Sem saber se a resposta é boa ou ruim, ou se você vai ou não responder!
– Isso é extremamente idiota, sabe disso, né?
– Idiota…mas eficiente!
E ele tem razão, funciona.

Todo mundo já entrou em joguinho alheio. Ou já praticou.
Tem quem goste e tem quem acha chato.
Tem quem faz propositadamente, e tem quem nem percebe mas está jogando também.
Mas ruim mesmo é ver que essas coisas funcionam com algumas pessoas.

Já ouvi várias pessoas dizendo que faz parte do charme. Que a demora em responder uma mensagem, retornar uma ligação ou marcar um encontro faz parte da conquista.
Sério?
E eu achando que parte da conquista era você ser uma pessoa interessante, saber conversar, ser sincero, ter bom humor e saber ouvir.
Errei minha vida toda!

É tão fácil ser complicado. É tão fácil reclamar de tudo.
É tão fácil ser complexo e “abstrato”. Aliás, parece que é moda ser abstrato. A simplicidade morreu.
A objetividade não existe faz tempo.

As pessoas dificultam as coisas, colocam empecilhos e barreiras. Mas, já que os joguinhos fazem parte da conquista, não se engane, porque isso quer dizer que ele quer você (ou não)!
Ou de repente isso só significa que você não é uma prioridade agora, ele tem outras (prioridades e pessoas). Ou não! Talvez você seja a prioridade mas ele só está fazendo suspense, um charme. Ou talvez ele apenas esteja muito ocupado, trabalho e faculdade, cansativo mesmo, mas vai te responder. Mas também pode ser que ele não esteja muito ocupado e só te ignorando. Será? Não! Não pode ser. Ele quer sim, não é? Quer? Acho que sim. Deve querer. Tem que querer. Quem não quer? Ele. É, provavelmente ele não quer. Ou talvez queira. Ele vai responder. Vai sim. Tô olhando aqui, vai responder agora. Não. Deve tá ocupado. Ou não.
Estranho, né? Mas relaxa, vai ficar tudo bem quando ele responder a sua mensagem 3 dias depois.
E você, que não sabe jogar, responde de volta em 15 segundos.
Adivinha quem tá ganhando o “jogo”?

Hoje em dia ninguém diz “sim” ou “não” pra uma pergunta, é sempre um “talvez” ou um “vamos ver” que te coloca na prateleira em espera enquanto ele avalia todas as outras perguntas que vem recebendo. Se aparecer outra pessoa com uma pergunta que o pareça mais interessante, você ganha o “não”. Caso contrário você pode ganhar esse “sim”.
É triste, mas é normal.

Às vezes nem é o caso da prateleira. As duas pessoas querem, estão afim, estão empolgadas, estão explodindo por dentro.
Mas por fora são estátuas da Ilha de Páscoa. Cara de paisagem. Nada está acontecendo.
Cada mensagem trocada é uma tentativa de parecer desinteressado, desdém forçado.
Como se fosse um jogo de poder.

E o mesmo se aplica a quando alguém não quer nada com outro.
Qual a dificuldade em dizer “Olha, não tô afim de sair contigo. Bjo!”?
Ou de falar “A gente pode continuar saindo, mas eu não quero nada sério, sem expectativas então, ok? Ok.”?
Ou ser objetivo e chegar com “E aí, vamos sair hoje? Te busco às 21h. Beijo!”.
E pronto, tá marcado.

Eu penso que a gente precisa de mais “Tô indo aí! Desce em 30 minutos!”.
E menos “Oi, como vc tá? E as 9dades? O que conta de bom? E o trabalho? E a facul? (insira uma enrolação aqui) Quer fazer algo na sexta?”

Se for pra jogar algo, que seja video games juntos.
Ou joguem as roupas um do outro no chão.
Só não vale a pena ficarem com joguinhos quando ser simples e objetivo te leva a coisas muito mais legais e imediatas.
E o melhor, não fere ninguém.

Jogar em relacionamento é uma luta constante sobre quem cede menos, quem demonstra se importar menos e quem aparenta precisar menos.
É uma luta pra decidir qual dos dois é o mais desinteressado interessado. Quem é o mais “cool”.
E, pasme, os dois no final querem a mesma coisa!
Que desperdício de tempo e energia.

Se tiver vontade, diga.
Se não quiser, nega.
Se sentir saudade, chama.
Se quiser sair, convida.
Se está apaixonada, declara.
Se ama, demonstra!

E homens, agradeçam quando uma mulher é direta no que fala e no que quer. Sem mimimi e sem “charme”.
Porque essa aí é rara e especial num meio onde a maioria não sabe o que quer em todos os sentidos.
E alguém que sabe o que quer é alguém com um charme natural.
Dê mais valor, escolha essa guria!


(Hudson Baroni via site Deu ruim)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Não me chame de princesa...



Não segure minha mão, se você não me reerguer quando eu cair no mundo. Não me pegue em casa, se você não quiser aderir à rota inconstante da minha rotina. Não elogie meu cabelo, se você toca tantos outros por aí, e muito menos meu bom gosto ao vestir, se você não souber valorizá-lo com a devida honra. Não ligue para saber se cheguei bem, se quando você chega em casa, recebe ligações de outras vozes femininas. Não me chame de linda, se você costuma pegar coisa pior por aí. E muito menos de querida, se você não me estimar realmente como algo a mais que amiga sua.

Não construa planos, quando o que você quer é viver com seus amigos, e nem plante sonhos em meu jardim, se você não pretender regá-lo com freqüência. Não me apresente como amiga, se acordo ao teu lado em manhãs cinzentas. Não projete em mim todos os seus medos irreais, caso você não queira realmente saber das minhas fraquezas, dependências, e defeitos. Não me ofereça seu casaco, se sua intenção não for a de me aquecer toda por dentro. Não suma repentinamente, se não quiser ser riscado por completo do meu enredo. Não me convide para viajar para a praia, se você não mantém nem ao menos a promessa de me levar para jantar.

Não tire meu sossego, se não é você quem irá me devolvê-lo mais tarde quando preciso, e não mostre ser o máximo, se tudo que você puder me dar de si, é o mínimo. Não adianta de nada essa sua altura, se você faz questão de jogar baixo, e nem usar o melhor perfume do mundo, se é só o cheiro e na verdade você também joga sujo. Não trague seu cigarro perto de mim, se suas verdades inventadas são todas intragáveis.

Não se faça de vítima, se quem está no alvo do tiro, na verdade, sou eu. Não me coloque em pedestal nenhum, se sua pretensão não é de me alcançar e salvar a vida, qualquer dia.

Não faça bater mais forte meu coração, se quando perto do enfarte, você não construir a ponte safenada capaz de me livrar da loucura e da enfermidade. Não jure amor eterno, se sua eternidade for somente até amanhã.

Não me chame de princesa, se quando você for coroado rei, outra rainha for sentar-se ao seu lado. Não me dê flores, se sua vontade, assim como a das plantas, também murchar. Não abra a porta do seu carro, se você não estiver ali de pé, em frente à mim, de coração aberto. Não me mande cartas, se você nem ao menos tem interesse em saber onde eu moro.

Não me furte o fôlego, se não for para continuar me beijando. Não saque minhas roupas, se você não quiser também despir meus sonhos e aspirações. Não demonstre todo um sentimento, se quando com seus amigos e família, ele não parece existe. E não seque minhas lágrimas, se algum dia você também as fizer correr pelo meu rosto.

Não.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Simples acaso?




Ninguém chega até nós… E ninguém permanece em nossa vida por um simples acaso.
Pessoas nos encontram ou nós as encontramos meio sem querer não há programação da hora em que as encontraremos.
Assim, tudo o que podemos pensar é que existe um destino, em que cada um encontra aquilo que é importante para si.
As pessoas que entram em nossa vida, sempre entram por alguma razão, algum propósito.
Ainda que a pessoa que entrou em nossa vida, aparentemente, não nos ofereça nada, mas ela não entrou por acaso, não está passando por nós apenas por passar.
O universo inteiro conspira para que as pessoas se encontrem e resgatem algo com as outras.
Discutir o que cada um nos trará, não nos mostrará nada, e ainda nos fará perder tempo demais desperdiçando a oportunidade de conhecer a alma dessas pessoas.
Conhecer a alma significa conhecer o que as pessoas sentem, o que elas realmente desejam de nós, ou o que elas buscam no mundo, pois só assim é que poderemos tê-las por inteiro em nossa vida.
A amizade é algo que importa muito na vida do ser humano, sem esse vínculo nós não teremos harmonia e nem paz.
Precisamos de amigos para nos ensinar, compartilhar, nos conduzir, nos alegrar e também para cumprirmos nossa maior missão na terra: “Amar ao próximo como a si mesmo”.
E para que isso aconteça, é preciso que nos aceitemos em primeiro lugar, e depois olhemos para o próximo e enxerguemos o nosso reflexo.
Essas pessoas entram na nossa vida, às vezes de maneira tão estranha, que nos intrigam até.
Mas cada uma delas é especial, mesmo que o momento seja breve, com certeza elas nos deixarão alguma coisa.
Observe a sua vida, comece a recordar todas as pessoas que já passaram por você, e o que cada uma deixou.
Você estará buscando a sua própria identidade, que foi sendo construída aos poucos, de momentos que aconteceram na sua vida, e que até hoje interferem em seu caminho.
Passamos por vários momentos em nossa vida.
Momentos estes que nos marcam de uma forma surpreendente, nos transformam, nos comovem, nos ensinam e muitas vezes, nos machucam profundamente.
Quando sentir que alguém não lhe agrada, dê uma segunda chance de conhecê-lo melhor, você poderá ter muitas surpresas cedendo mais uma oportunidade.
Quando sentir que alguém é especial para você, diga a ele o que sente, e terá feito um momento de felicidade na vida de alguém.
Não deixe para fazer as coisas amanhã, poderá ser tarde demais.
Faça hoje tudo o que tiver vontade.
Abrace o seu amigo, os seus irmãos, os seus filhos.
Dê um sorriso para todos, até ao seu inimigo.
Se estiver amando, ame pra valer, viva cada minuto deste amor, sem medir esforços.
Seja alegre todas as manhãs, mesmo que o dia não prometa nada de novo.

Preste bastante atenção em todas as pessoas, elas poderão estar trazendo
a sua tão esperada FELICIDADE!


Roy Lacerda – MomentoBrasil

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Photograph...



Você já teve um chiclete grudado na sola daquele tênis preferido? Já teve os dedos colados com super bonder? Já grudou chiclete no cabelo de alguém (tipo aquela patricinha da escola)? Já colou um quadro com dupla face na parede e depois tentou tirar? Já fez bola de chiclete com trident e grudou na boca toda? Já errou a cola dos cílios e pensou que o olho nunca mais abriria?

Já sentiu o que é ter uma cola super boa impedindo que alguma coisa desgrude? Seja do dedo, do cabelo, do tênis.

É mais ou menos assim que ela se sente em relação a ele.

Sim, aquele boy – já sem magia – que ela teimava em levar feito um chiclete mascado e grudado no coração. Como uma pessoa passa tanto tempo assim gostando de alguém que a ignora mais que panfleteiro na esquina?

De onde restava algum amor pra gastar com ele, se nesse caso, nem amor próprio ela tinha mais?

Ela cansava de esperar, até a Cláudia que estava sentada há anos levantou antes dela, e ela ainda estava ali, esperando algum milagre, antes esperasse a ligação do Cristiano Ronaldo.

Então ela quebrava as regras, procurava novos boys, que pelo menos, possuíssem metade da magia daquele ex-boy magia da vida, e nada.

Certo dia ela chegou a acreditar que um novo amor poderia a fazer esquecer-se do velho, e até que tentou. Conheceu o Vinicius, o Caio, conheceu o Marcos e o Leandro.

Um era lindo, com as roupas mais alinhadas já vistas, inteligente, a tratava feito uma princesa, pena que não tinha aquele abraço. Outro era engraçado, usava roupas mais despojadas e confortáveis, surfava e tinha aquela barriga que qualquer lavadeira invejaria, mas não tinha aquele sorriso maroto. Outro repetia mil vezes que gostava dela, com flores e serenatas na janela, mas não tinha aquele jeito desengonçado de falar “te curto”.

Não deu, não dava, ela nunca foi de desistir fácil, mas ninguém tinha aqueles olhos, aquele sorriso meio desalinhado e tão maroto, ninguém tinha aquele jeito meio desengonçado de dizer que gostava dela, nem aquele abraço que encaixava feito a peça certa do lego, não havia quem causasse tanta tranquilidade no coração dela com apenas um olhar.

Acho que aquele boy não era de Deus, talvez ele seja a maçã envenenada daquele paraíso, talvez ela tenha vendido a alma em alguma dessas noites insanas de São Paulo, mas não poderia ter aquele boy no coração por nada. Alguma coisa ela fez em vidas passadas pra receber esse carma – lindo, fofo, de olhos brilhantes – na vida. Era promessa? Algum pecado capital? Já sei, era um teste psicológico?

Não era, não era nada disso.

Era mesmo um amor dos grandes, daquele de ninguém colocar defeito. Daquele que não desgrudava do coração nem com raspagem. Não havia o que fazer, nem as substituições estavam funcionando mais de uma semana.

Então ela resolveu, depois de tanto tempo.

Correu atrás do amor? Ligou pra ele e disse o quanto gostava dele – mesmo que ele já tivesse ouvido aquilo algumas míseras 300 vezes naquele último verão – e que queria uma chance?

Deveria, acredito sinceramente que ela deveria, pelo menos mais uma vez, já que ela gostava tanto dele. Mas ela estava cansada demais, sobre aquele papo de bater na mesma tecla, no caso dela, já nem funcionava mais, ela já havia quebrado todas as teclas daquele teclado velho da desgraça.

Mesmo que digam que o tempo cura tudo – que consolo -, até aquele amor não correspondido, ela sabe que ainda pode demorar – pois naquele caso, a cura estava vindo de jegue – e que talvez, por mais triste que pareça, o tempo nunca cure.

É acolhedor saber que somente esperar adiantaria alguma coisa, que ela poderia esperar sentada que o tempo, aquele que cura tudo sabe? Curaria logo, logo. Mas, sinto muito, quanto a dores, saudade e amores, o tempo não cura.

O tempo não vai curar aquela dor imensa da perda, não vai. Nem vai curar aquela saudade do abraço apertado, ele jamais vai curar um amor não correspondido, se curasse, o tempo seria vendido em farmácias.

O tempo vai ensinar que o amor é sorte, que aquela roleta russa pode acabar por premiar você com o pior amor do mundo ou com o melhor. Independente das premiações, o tempo não está ali pra curar, estará ali para ensinar, que amores vem e vão, que existem pessoas que você jamais esquecerá, mas que aprenderá a viver sem elas, assim como você aprendeu a viver sem refrigerante. Isso é sério? Não. Afinal, ela jamais aprenderá a viver sem refrigerante, sem ele, também.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Não tem graça, não!


Acordei pensando em você, o cara que sonhei aquela noite, passei o dia procurando por onde estaria. Sonhei que caminhávamos juntos pelas ruas da cidade, um tempo frio, chuva fina e nossa troca de olhares, na minha mente vinha uma música leve, meio blues meio jazz. Você parou, comprou um café quente pra gente, ficamos ali, admirando o passo a passo da rua. O caminhar das pessoas e o comportamento de cada um que por ali passava, lá passamos horas. Era uma espécie de hobby ficarmos analisando o caminhar alheio. Respirei fundo, senti o ar gelado em meus pulmões e você me abraçou delicadamente, querendo dizer que o ar frio esquentaria rápido envolta de sua jaqueta que ainda cheirava a couro.

Acordei e te procurei em cada caminhar das ruas do nosso cenário, busquei você em todos os cafés daquela cidade, atravessei ruas em busca da sua moto, e não achei se quer um sinal seu. Aquela praça que estávamos, estava cheia de velhinhos cheirando a naftalina e crianças a talco, ninguém se parecia com você. Subi escadas rolantes do metrô, sempre distraída em sua procura, esbarrei em vários caras que poderiam ser você, mas não eram.

Sai para encontrar uma amiga, tomar uma cerveja, para ver se minha cabeça parava de fixar na sua imagem, e adivinha? Entrei no bar, senti o cheiro da sua jaqueta. Quando virei, não era você. Não era você quem me serviu aquela cerveja, não era você quem acendeu meu cigarro, em quanto meu olhar vagava em busca do seu, nunca era você. Caminhei até em casa, fixada em te encontrar, por todas as esquinas que virava, olhava com lince e nada de te ver.

Pensei em desistir, cheguei em casa, depois de caminhar com minhas mãos congeladas (droga, esqueci as luvas, você tinha me dito aquele dia para não esquecer as luvas e o gorro; tinha dito que a noite naquela cidade congelava até pensamentos), liguei o aquecedor, me enfiei embaixo das cobertas, decretei o fim. Decretei que não te procuraria mais, que minha alucinação teria uma morte naquele momento. Ilusão, nos meus primeiros momentos de sono, você apareceu, envolto de um poncho quentinho, me abraçou e me fez lembrar porque passei o dia em sua busca. Mas você nunca saiu dali, dos devaneios da minha mente, repleta de sonhos, repleta de desejos do amor, você esteve ali o tempo todo, mas você nunca passou de um simples sonho, de um sonho lindo, que ao acordar sumia como fumaça ao vento, e me deixava ali, sempre na busca do que você nunca foi, do que você nunca será, porque você apenas nunca existiu.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Mais amor, menos barganha.



Alguém muito, mas muito entendedor dos assuntos do coração, ou que pelo menos acredito que já passou por uns bons bocados nessa vida, disse por aí que amor é um ato de fé. Não estou falando de santos, orações, imagens ou lendas, estou falando de fé de verdade. Aquela que lá no fundinho da nossa alma acredita, sonha, cruza os dedos, joga a moeda, que ainda segue otimista mesmo com todos os percalços que aparecem pelo caminho. Fé de gente. Inconsciente, inconsequente, subjugada. Fé de quem ainda nem descobriu o significado desta palavra no meio da travessia. Acho que a gente anda tão acostumado com a frieza e a distância cada dia maior das relações interpessoais, que se esquece de que tudo na vida, principalmente o amor, é uma escolha. Barganhar retorno de um sentimento que deveria ser fornecido de graça é perder a fé em si mesmo, no seu potencial dentro de um relacionamento e no amor em si, que ó, tem que vir por merecimento não por obrigação.

Mania feia que a gente tem de barganhar. Na maioria das vezes são coisas bobas, mínimas, como de quem é a vez de fazer o jantar, quem liga primeiro depois de um encontro, quem busca quem para sair. Coisas que seriam facilmente resolvidas com um pingo de desapego. Infelizmente, a mídia, as redes sociais, a revista da fila de espera do dentista, a novela das 8 e o programa de rádio, pregam uma “verdade absoluta” de que as pessoas tem que se fazer de difíceis, que a outra metade tem que correr atrás para demonstrar seu valor, que pessoas que adiantam o primeiro passo têm caráter duvidoso e mais um bilhão de baboseiras que muitos tomam para si, tornando isso regra total e irrestrita de vida. O resultado são relacionamentos turbulentos, romances unilaterais, carência, descaso e ao invés de se afastarem definitivamente, vão de encontro direto a tão temerosa solidão.

Amor não é barganha. Você não liga só porque ela ligou, você não vai até ele só porque da última vez foi o contrário, você não espera para dizer que gosta só pra não parecer vulnerável. Você faz o que seu coração tem vontade, única e exclusivamente, porque assim você deseja. E só. A gente não pode fazer muita coisa pela reciprocidade do outro, mas pela nossa a gente pode e deve sim, fazer tudo que traz paz para o nosso coração. Se todo mundo soubesse o tempo de carinho, cuidado e afeto que se perde barganhando minúcias dentro de um relacionamento as pessoas abraçariam mais o livre arbítrio e arcariam de mente aberta e essência tranquila, com as consequências de suas próprias escolhas. Se não está disposto a correr riscos não desafie o outro para jogar. A gente pode cair sim, se machucar sim, literalmente ganhar um tapa na cara do universo sim, cada vez que resolve alimentar um sentimento abstrato como o amor. Mas mergulhar pela metade numa jornada que te pede inteira, só gera frustração e carência.

Amor é um ato de fé. Ou você doa de graça, de bom grado, de coração e alma lavados para o outro ou, com o perdão da palavra, você não tem merecimento para viver o sentimento de forma plena. Claro que tudo que a gente precisa de uma pessoa que nosso coração escolheu se apaixonar é o mínimo de retorno. Mas não dá pra barganhar uma troca. A gente abre portas e janelas na esperança de que o outro venha com as flores e as cortinas. Se vier ótimo, deixe os passarinhos entrarem. Se não vier, isso não deve ser motivo para não decorar sua morada. Feliz é quem aceita que o amor começa dentro da gente. Sem criar expectativas, sem cobrar desnecessariamente, sem fazer “mimimi” por um mero ponto equivocado dentro de um parágrafo recheado de pequenas delicadezas.

A melhor metade do amor a gente demonstra justamente na hora que “falha” a reciprocidade do outro. Se ele estiver muito cansado para sair vá até ele, se ela estiver indisposta em fazer o jantar tome as rédeas e peça um sanduíche, se ele não te ligou depois do primeiro encontro honre seu poder de escolha, sua autossuficiência e seu batom vermelho escarlate e faça o contato. Discernimento para diferenciar indiferença de descuido. Coragem para guardar o ego, o apego e aquela vontade tentadora de “chegar em primeiro lugar”, em um cantinho bem escondido da nossa alma. E muita fé, para acreditar que onde a gente deposita nossa vivência alguém transformará nossa prece em disponibilidade, respeito e merecimento. Assim seja.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Tem algo melhor?



Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho – esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?

Eu suspeito que não.

Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.

Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa – na escola, no esporte, no escritório – levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?

Minha experiência sugere o contrário.

Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.

Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.

Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?

Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?

Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?

Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.

Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?

Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.

Esse texto é de autoria do sempre excelente Ivan Martins.

sábado, 2 de maio de 2015

Deixe alguém gostar de você!



Você pode ser a pessoa mais forte do mundo.
Você pode ser a pessoa que melhor sabe se virar sem ninguém, mais independente, mais cheia de experiência, mas você nunca, nunca será alguém que ninguém possa te ajudar a ser melhor.
Às vezes a gente cria uma casca de certeza e com isso nos blindamos do resto do mundo. Há quem faça isso pelo trauma de alguma decepção, há quem faça isso por medo de recomeçar e há quem faça simplesmente por pensar que não precisa de ninguém.

Uma coisa é depender de alguém, outra é precisar.

Você não deve pensar que a sua felicidade depende de outra. Não deve pensar que só vai conseguir ser feliz se tiver alguém pra te acompanhar. Você sempre será sua melhor companhia, você dorme e acorda com a cabeça no próprio travesseiro, você nasceu e vai morar num caixão sem ninguém. Você é o único representante das suas vontades nesse mundo. Mas você não é alguém que outro alguém não possa melhorar.

E você não precisa se obrigar a aceitar que alguém entre na sua vida.
Mas bem que você pode se ajudar para que isso aconteça.

Se você parar pra pensar, vai lembrar de alguém que já tentou se aproximar de você, mas que instantaneamente você tratou de assustar. Você não deixa alguém te fazer bem. E daí que o mundo parece estar uma bosta com tanta gente mal caráter e de valores que não pareçam em nada com os seus? É neste mundo que está quem você precisa. E daí que já teve gente que passou pela sua vida deixando mais feridas do que sorrisos? Isso não te faz uma pessoa perdedora. Essas pessoas existem e sempre vão existir! Um dia foi com você, neste segundo em que lê isto é com outra pessoa em algum lugar deste mundo, talvez até mesmo na sua rua.

Talvez seja uma questão de você começar a olhar a vida com o coração.

Quando a gente só enxerga as coisas com olhos acabamos tendo uma única visão sobre o mesmo lado da vida, agora, quando a gente vê as coisas com o coração, conseguimos fazer o cálculo entre tudo que nos faz bem, o que nos faz mal, tudo o que queremos e tudo o que estamos fazendo por merecer.

Você tem razão, as pessoas não tem se esforçado em ser interessantes mesmo.
Mas você já viu com o coração o que é alguém interessante pra você?

Talvez não seja uma homem de novela pra você postar fotos juntos e ver as amigas elogiando de lindos e casal perfeito. Talvez não seja uma garota de capa de revista pra você se orgulhar em andar de mãos dadas no shopping.

Talvez seja alguém como você nunca imaginou.
Talvez seja só alguém que já te provou o quanto pode te fazer bem.
Talvez seja quem separa um minuto do próprio dia pra te dar um oi pelo chat.
Talvez seja alguém que assiste um vídeo engraçado e te manda o link pra rir também.

Eu preciso de alguém que me faça bem. Você precisa de alguém que te faça bem. Todos nós precisamos de alguém que nos faça bem. Isso não é exclusividade pra ricos ou para as pessoas indubitavelmente lindas, isso é uma importância para qualquer ser humano deste planeta.

Vai ver você não mereça o jeito com que tem lidado com a própria vida. Vai saber, talvez aquele próximo beijo sem-nome que vai dar numa noite qualquer nem precisa de fato acontecer. Talvez você só precise responder “quando?” quando alguém te chamar pra sair, quando esse alguém que te veio à cabeça te chamar pra sair. Vai saber, não tem como garantir, mas talvez você esteja curtindo as fotos de quem não curte você, enquanto tem alguém que curtiria pelo menos conversar mais com você e saber como foi o seu dia.

Tenta ver a sua vida com o coração.
Seus olhos podem estar escondendo o que o seu coração precisa ver.

É naquela fração de segundo que você julga alguém como interessante pra você que está quem você deve respeitar: ele mesmo, novamente, o seu coração.
É claro que você não precisa se obrigar a nada. Você não precisa sair com todo mundo só pra ver no que vai dar, só pra tentar ver se gosta. Mas se você conseguir identificar quem se esforça por você, bem que poderia valorizar um pouco mais.

Deixa alguém tentar cuidar de você.
Deixa alguém provar que você é importante. Presta atenção em quem se preocupa e para de julgar como alguém que tenta te controlar, mas sim, como alguém que se coloca no seu lugar pra te ajudar. Deixa alguém se aproximar antes de você afastar. Vale repetir que você não tem a obrigação de aceitar, mas tem o valioso direito de tentar.

Você pode se considerar a pessoa mais independente desse mundo, mais cheia da porra toda, mas sempre será alguém que outro alguém pode te ajudar.


(Via uma travesseiro para Dois - Márcio Rodrigues)