quarta-feira, 13 de maio de 2015

Photograph...



Você já teve um chiclete grudado na sola daquele tênis preferido? Já teve os dedos colados com super bonder? Já grudou chiclete no cabelo de alguém (tipo aquela patricinha da escola)? Já colou um quadro com dupla face na parede e depois tentou tirar? Já fez bola de chiclete com trident e grudou na boca toda? Já errou a cola dos cílios e pensou que o olho nunca mais abriria?

Já sentiu o que é ter uma cola super boa impedindo que alguma coisa desgrude? Seja do dedo, do cabelo, do tênis.

É mais ou menos assim que ela se sente em relação a ele.

Sim, aquele boy – já sem magia – que ela teimava em levar feito um chiclete mascado e grudado no coração. Como uma pessoa passa tanto tempo assim gostando de alguém que a ignora mais que panfleteiro na esquina?

De onde restava algum amor pra gastar com ele, se nesse caso, nem amor próprio ela tinha mais?

Ela cansava de esperar, até a Cláudia que estava sentada há anos levantou antes dela, e ela ainda estava ali, esperando algum milagre, antes esperasse a ligação do Cristiano Ronaldo.

Então ela quebrava as regras, procurava novos boys, que pelo menos, possuíssem metade da magia daquele ex-boy magia da vida, e nada.

Certo dia ela chegou a acreditar que um novo amor poderia a fazer esquecer-se do velho, e até que tentou. Conheceu o Vinicius, o Caio, conheceu o Marcos e o Leandro.

Um era lindo, com as roupas mais alinhadas já vistas, inteligente, a tratava feito uma princesa, pena que não tinha aquele abraço. Outro era engraçado, usava roupas mais despojadas e confortáveis, surfava e tinha aquela barriga que qualquer lavadeira invejaria, mas não tinha aquele sorriso maroto. Outro repetia mil vezes que gostava dela, com flores e serenatas na janela, mas não tinha aquele jeito desengonçado de falar “te curto”.

Não deu, não dava, ela nunca foi de desistir fácil, mas ninguém tinha aqueles olhos, aquele sorriso meio desalinhado e tão maroto, ninguém tinha aquele jeito meio desengonçado de dizer que gostava dela, nem aquele abraço que encaixava feito a peça certa do lego, não havia quem causasse tanta tranquilidade no coração dela com apenas um olhar.

Acho que aquele boy não era de Deus, talvez ele seja a maçã envenenada daquele paraíso, talvez ela tenha vendido a alma em alguma dessas noites insanas de São Paulo, mas não poderia ter aquele boy no coração por nada. Alguma coisa ela fez em vidas passadas pra receber esse carma – lindo, fofo, de olhos brilhantes – na vida. Era promessa? Algum pecado capital? Já sei, era um teste psicológico?

Não era, não era nada disso.

Era mesmo um amor dos grandes, daquele de ninguém colocar defeito. Daquele que não desgrudava do coração nem com raspagem. Não havia o que fazer, nem as substituições estavam funcionando mais de uma semana.

Então ela resolveu, depois de tanto tempo.

Correu atrás do amor? Ligou pra ele e disse o quanto gostava dele – mesmo que ele já tivesse ouvido aquilo algumas míseras 300 vezes naquele último verão – e que queria uma chance?

Deveria, acredito sinceramente que ela deveria, pelo menos mais uma vez, já que ela gostava tanto dele. Mas ela estava cansada demais, sobre aquele papo de bater na mesma tecla, no caso dela, já nem funcionava mais, ela já havia quebrado todas as teclas daquele teclado velho da desgraça.

Mesmo que digam que o tempo cura tudo – que consolo -, até aquele amor não correspondido, ela sabe que ainda pode demorar – pois naquele caso, a cura estava vindo de jegue – e que talvez, por mais triste que pareça, o tempo nunca cure.

É acolhedor saber que somente esperar adiantaria alguma coisa, que ela poderia esperar sentada que o tempo, aquele que cura tudo sabe? Curaria logo, logo. Mas, sinto muito, quanto a dores, saudade e amores, o tempo não cura.

O tempo não vai curar aquela dor imensa da perda, não vai. Nem vai curar aquela saudade do abraço apertado, ele jamais vai curar um amor não correspondido, se curasse, o tempo seria vendido em farmácias.

O tempo vai ensinar que o amor é sorte, que aquela roleta russa pode acabar por premiar você com o pior amor do mundo ou com o melhor. Independente das premiações, o tempo não está ali pra curar, estará ali para ensinar, que amores vem e vão, que existem pessoas que você jamais esquecerá, mas que aprenderá a viver sem elas, assim como você aprendeu a viver sem refrigerante. Isso é sério? Não. Afinal, ela jamais aprenderá a viver sem refrigerante, sem ele, também.

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