terça-feira, 12 de maio de 2015

Não tem graça, não!


Acordei pensando em você, o cara que sonhei aquela noite, passei o dia procurando por onde estaria. Sonhei que caminhávamos juntos pelas ruas da cidade, um tempo frio, chuva fina e nossa troca de olhares, na minha mente vinha uma música leve, meio blues meio jazz. Você parou, comprou um café quente pra gente, ficamos ali, admirando o passo a passo da rua. O caminhar das pessoas e o comportamento de cada um que por ali passava, lá passamos horas. Era uma espécie de hobby ficarmos analisando o caminhar alheio. Respirei fundo, senti o ar gelado em meus pulmões e você me abraçou delicadamente, querendo dizer que o ar frio esquentaria rápido envolta de sua jaqueta que ainda cheirava a couro.

Acordei e te procurei em cada caminhar das ruas do nosso cenário, busquei você em todos os cafés daquela cidade, atravessei ruas em busca da sua moto, e não achei se quer um sinal seu. Aquela praça que estávamos, estava cheia de velhinhos cheirando a naftalina e crianças a talco, ninguém se parecia com você. Subi escadas rolantes do metrô, sempre distraída em sua procura, esbarrei em vários caras que poderiam ser você, mas não eram.

Sai para encontrar uma amiga, tomar uma cerveja, para ver se minha cabeça parava de fixar na sua imagem, e adivinha? Entrei no bar, senti o cheiro da sua jaqueta. Quando virei, não era você. Não era você quem me serviu aquela cerveja, não era você quem acendeu meu cigarro, em quanto meu olhar vagava em busca do seu, nunca era você. Caminhei até em casa, fixada em te encontrar, por todas as esquinas que virava, olhava com lince e nada de te ver.

Pensei em desistir, cheguei em casa, depois de caminhar com minhas mãos congeladas (droga, esqueci as luvas, você tinha me dito aquele dia para não esquecer as luvas e o gorro; tinha dito que a noite naquela cidade congelava até pensamentos), liguei o aquecedor, me enfiei embaixo das cobertas, decretei o fim. Decretei que não te procuraria mais, que minha alucinação teria uma morte naquele momento. Ilusão, nos meus primeiros momentos de sono, você apareceu, envolto de um poncho quentinho, me abraçou e me fez lembrar porque passei o dia em sua busca. Mas você nunca saiu dali, dos devaneios da minha mente, repleta de sonhos, repleta de desejos do amor, você esteve ali o tempo todo, mas você nunca passou de um simples sonho, de um sonho lindo, que ao acordar sumia como fumaça ao vento, e me deixava ali, sempre na busca do que você nunca foi, do que você nunca será, porque você apenas nunca existiu.

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