terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Nascemos e morremos sós.

Sobre ideia de que nascemos sós e morremos sós, eu me peguei refletindo sobre o que acontece entre as duas pontas do pavio. No meio de tantos sentimentos, momentos de alegria e tristeza, eu percebi que o grande medo da humanidade é mesmo a solidão. As pessoas têm verdadeira paúra de se sentirem sozinhas. São assombradas dia e noite só de pensar numa existência ímpar, lhes consome o pavor de olhar para o lado e enxergar um vazio físico. 
Não é a toa que fogem pra bem longe das noites frias e domingos chuvosos, optam por sair vagando pela rua fingindo uma completude inexistente, preferindo as más companhias, um bate papo tedioso empurrado com a barriga e alguns copos de cerveja. Tudo, qualquer coisa, menos enfrentar a solidão. Na maioria das vezes, estar cercado de pessoas faz com que a gente se sinta ainda mais solitário. Ocupar o tempo e a mente para evitar conviver conosco é o mesmo que tentar abarrotar um buraco sem fundo que nunca será preenchido. 
A solidão foi, é e continuará sendo a nossa fiel companheira, a única que nos entende e que nos ajuda a compreender a nós mesmos. Não adianta resistir, contestar, correr ou se camuflar no meio da multidão. Somos seres individuais, não estamos grudados ou amarrados à ninguém. E isso, seguramente, tem um significado. Não se iluda. A solidão é fiel, inseparável. Eu acredito que nascemos com ela e morremos com ela, que somos cúmplices em cada segundo. Ela nos assola e nos consola. Mesmo cercados de amigos… Estamos sempre solitários com os nossos pensamentos, percepções e sentimentos. Eu acredito que por isso a solidão é tão apavorante para alguns, porque o silêncio estrondoso do vazio diz quem realmente somos, sem nenhuma máscara ou disfarce. Somos nós e as nossas inseguranças, nossos defeitos que não assumimos nem sob tortura. 
Por isso a maioria corre pra bem longe de si. Contudo, eu digo que a solidão é fascinante e absolutamente necessária. O entendimento da particularidade é o que permite absorver a nossa essência. Sozinhos conseguimos enxergar as nossas debilidades, nossos limites e loucuras. Em unidade podemos, sim, ser felizes, capazes de amar. 
Quem disse que não? Solidão não é sinônimo de infelicidade, de amargura, de escassez de amor. O solitário é aquele que se conhece tão bem ao ponto de preferir a própria companhia antes de qualquer outra. Para conceber o mundo lá fora é preciso entender primeiro aqui dentro. A gente se conhece no exílio para se reconhecer diante dos outros. Somos uma unidade e nos completamos assim.


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