quarta-feira, 15 de abril de 2015

Por que todo mundo? E só você?


A gente sempre sabe quando o nosso coração palpita diferente… Por que aquele sorriso me deixa tão sem graça e por qual motivo eu me deixo completamente disponível para qualquer possibilidade de um encontro num dia da semana qualquer, mesmo deixando tantas coisas por fazer?
Ah, sem contar nas vezes em que ele mexe o cabelo – sim, quantos trejeitos já decorados por mim – fazendo parecer que o mundo, meu e do resto do mundo, inteirinho está em câmera lenta? Acho melhor não pensar na forma como ele me abraça e diz, como quem não quer nada, que, poxa, não rola mais nada entre a gente…
Aí você se vê sem mais ninguém além de você, da sua taça de vinho barato e, é claro, da sua casa, seja ela uma kitnet, seja ela um pavilhão repleto de quartos, que se anteriormente parecia tão confortável e aconchegante, agora parece um vazio repleto de você, de só você e mais nada nem ninguém.
Porque, por fim, você tem certeza de que o mundo ao seu redor encontrou em alguém motivos pra sorrir e você, como sempre, continua procurando motivos para acreditar que, se não deu certo com aquele advogado recém-formado, algum jornalista irá aparecer em breve pra te tirar o fôlego, mesmo que por questão de dias, até sumir, de novo e também. Falei bobagem?
Mas, cá entre nós, por que você tem esse medo louco e inconsequente de ficar sozinho, achando que essa solidão vai durar pra sempre? Não me venha com essa história de que uma vida a dois é mais gostosa e mais fácil de viver, tampouco diga que você só assiste a Receitas para 2 no Youtube porque sonha em um dia poder cozinhar para você e mais um. O fato é que ainda não é hora… Se ele chega e vai embora é porque, simples e tão-somente, não era pra ser.
Eu juro que te entendo quando você se martiriza tentando entender o porquê daquele amigo pular de namoro em namoro e nunca estar sozinho, ou, aos domingos à noite em especial, você cair em perfis aleatórios de possíveis futuros amores e, é claro, se deparar com um status de relacionamento sério escancarado aos seus olhos. O mundo está namorando, talvez seja por isso que eu estou sozinho: não sobrou ninguém. Ok, serei menos drástico e lerei seus pensamentos em dizer que, veja bem, não é que não sobrou ninguém: não sobrou ninguém que preste.
O cara da faculdade ainda é bancado pelos pais e estuda à noite pra passar o dia deitado preocupado com seu sono. O saradinho de academia parecia ideal, mas o jantar italiano que você planejou foi por água abaixo quando ele disse que ‘pra mim comer fora de casa, só se for um prato com menas gordura’. Ah, e aquele bem de vida engomado que você conheceu na balada e, sei lá se por culpa do álcool, você achou que haveria repeteco? Que nada, sexta passada ele já estava em outro canto da mesma parede que foi cenário do teu beijo, agora com outro.
Chega. Não sei se você é dramático como sua amiga insiste em dizer, mas te garanto que já vivi por muito tempo esse mesmo drama que você vive hoje: por que todo mundo tem alguém e só eu to sem?
Depois de muita análise, sábados desperdiçados pensando no motivo da minha real existência – ao invés de pensar em quantos beijos eu daria, quantos shots de tequila aguentaria ou quantas vezes Dark Horse tocaria na balada de sempre -, percebi que a gente não precisa abrir mão de nada, nem mudar tudo que se faz para que o mundo nos olhe com outros olhos, ou que os caras que a gente tanto quer decidam finalmente ficar ao invés de sempre arranjarem uma desculpa pra partir.
Que tal abrir um vinho para um e ter uma só taça na cristaleira, assim, sozinha e sem par? Uma só entrada para o filme que só você pode e quer assistir na pré-estreia?
Porções individuais gritam por você no supermercado: passe a vê-las com outros olhos, por favor. Fico me perguntando sobre essa necessidade de ter alguém e, ainda assim, sentir-se só e pela metade. Porque depois de anos solteiro, descobri que a gente não é meio, somos inteiros. Não somos metade, a gente é uma parte completa e bem acabada do que deveria e precisaria ser sinônimo de gente bem resolvida e repleta de amor próprio.
De nada adianta mirar no sorriso dele se ele não enxerga o seu.
Muito menos ouvir a voz que não diz que você é único e que, dentre tantos no mundo, prefere deixar de ver qualquer um além de você. Talvez seja bom você repetir comigo que, sim, é bacana pra caramba ter alguém, mas que o clichê máximo – um pouquinho modificado por minha tia solteirona – também funcionará com você: antes só do que ser indesejado. Aí, eu garanto, o mundo vai sorrir de novo. Quem você menos esperava vai aparecer e, depois de tantos erros e tantos caras que veem você como um objeto à venda naquela loja cara de decoração, alguém vai insistir em você e, mesmo sem querer, em te fazer feliz.
Sabe quando você pensa em dizer algo a alguém, mas dizem a você antes de qualquer palavra escapulir da sua boca? Vai ser do jeito mais inusitado, talvez sentado no banco do carro dele, ou no meio-fio da sua calçada, mas… “Eu não vou querer saber onde você mora, contanto que você nunca se esqueça do caminho até minha casa.
Pra quê saber quantos amores você teve, se o seu coração está disponível para amar outra vez – e me amar, por gentileza. Sobre o seu salário? Também não ligo para o quanto você ganha, o melhor mesmo é ouvir se você ganha o dia quando passa o dia ao meu lado”.
Parece você falando, né? Serão palavras dele e farão você ter certeza de que se o mundo está solteiro, chegou a sua vez de namorar.
__
Texto Escrito Por:  Milton Schubert

(E a música faz parte dessa trilha sonora de pensamentos e lembranças entre uma postagem e outra)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

2 torrões de açúcar por favor!