Entrei um trem hoje que não vai para lugar algum, que não me alegra, nem me satisfaz, apenas segue seu caminho.
Encontrei uma flor na estrada, ela estava murcha e sem cor, sem perfume e sem nada que me faça feliz.
Olhei para o céu e ele estava cinza, frio e nenhuma ave apareceu para deixar seu bom dia.
Conversei com uma amiga, e ela não fez nada para me sentir melhor, não me acolheu, não me abraçou, nem lembrou das vezes que eu a fiz sorrir.
Escutei uma música e ela me fez chorar, não me ajudou a levantar, não me conquistou, mas deixou eu sentar em um canto e chorar.
Suas palavras invadiram e me acalmaram, meu coração ainda dói mas a dor está passando.
E o Trem seguiu seu caminho, desviou de alguns abismos, acolheu algumas pessoas, deixou outras e continuou sendo o mesmo.
Procurei a beleza na natureza e não pude enxergar nada além de um frio congelante, nenhum sinal de vida, nem alegria, nem ninguém.
Tentei descer do trem e pegar um ônibus menor, mais pessoas, menos frio, menos triste, mas consegui não encontrar, ele já tinha passado e o próximo demoraria mais uma vida inteira para voltar.
Sentei em um banco, encostei minha cabeça sobre os joelhos e adormeci em um sonho lindo, irreal, cheio de fantasia e muita alegria, pude então ser feliz. Cantei, pulei e me diverti como ninguém, mas quando acordei estava sozinha novamente, e agora na escuridão da noite.
Lembrei das vezes que estive em paz, fiz uma oração e esperei o próximo ônibus passar, mesmo que demore, mesmo que seja a vida inteira.
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