sábado, 27 de agosto de 2016

Palavras não amam ninguém.

O amor é um sentimento que nunca está de barriga cheia, pelo contrário: tem a fome de cem em jejum e se alimentar de amor, faz sempre muito bem.
Mas que fique claro: quem ama todo mundo, não ama ninguém.
Amor é muito mais que discurso, que panfleto, que firula, que troca de gentileza.
Amor é poder contar com o outro, na alegria e na tristeza.
Dos tantos que te dizem, eu te amo, como quem diz: sabe onde fica as Casas Bahia? Com quantos deles você pode realmente contar? Quando a barriga doer, quando a solidão bater, quando a febre chegar? Dos tantos pra quem você diz, eu te amo, como quem passa manteiga no pão, pra quantos você está realmente disposto a abrir sua casa, sua vida, seu coração?
Por que amor desde que me entendo por gente, é simplesmente entrega.
Ainda que seja um sentimento livre, belo e potente justamente por não ter regras, sinto muito dizer, mas sem nenhuma exceção: amor não é discurso, é ação.
Portanto antes de sair dizendo eu te amo a torto e direito, repense se é isso mesmo o sensato a se dizer.
Talvez você curta, goste, considere a pessoa muito divertida, mas será que isso é ponto de partida pra dizer: eu amo você?
Talvez haja afinidade em tantos assuntos, e na balada não há companhia melhor do que esse colega querida, companheiro de bebida, que fecha contigo e dança até o chão; mas será que isso é suficiente pra ela te dizer eu amo, com a mesma naturalidade que diz: amo caipirinha de limão?
Sinceramente, amor é coisa séria, e não convém banalizá-lo para o bem de todos os envolvidos.
Dizer eu te amo da boca pra fora, é como dizer: eu te amo, mas não conte comigo.
Eu te amo, mas quando precisar não me ligue.
Eu te amo, mas posso mudar de ideia, como quem muda de roupa, e não amar mais você.
Eu te amo, mas seu namorado é uma delícia. Aconteceu. O que é eu posso fazer?
Eu te amo, mas infelizmente não posso fazer nada pra te ajudar.
Eu te amo, mas tô sem tempo pra te ouvir.
Eu te amo, mas não me leve a mal, dinheiro eu não gosto de emprestar.
Eu amo todos vocês, delícias cremosas, vontade de abraçar todo mundo e nunca mais soltar. Agora suas delícias, vão se ferrar!
E de repente o amor esse sentimento tão precioso, vira mimimi, conversa fiada, nhenhenhém.
E a responsabilidade é sua que ajudou a banalizá-lo.
Não tem segredo, meu caro: quem ama todo mundo, não ama ninguém.

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